
Você não precisa fazer grandes mudanças no cardápio, apenas evitar alguns alimentos que podem trazer riscos para o seu bem-estar e o do bebê. Na primeira lista, estão os itens crus, como sushi, sashimi e carpaccio, devido ao risco de contaminação. Na segunda, a gordura, o sal, o café e o açúcar, que devem ser consumidos com moderação. “Dessa maneira, a gestante mantém o peso e a pressão arterial sob controle e previne problemas intestinais, que podem estufar o abdômen e provocar desconfortos”, diz a nutricionista Marilize Tamanini, de Curitiba.
Segundo a especialista, o consumo calórico diário recomendado para essa fase gira em torno de 1.600 calorias, distribuídas em seis refeições, feitas a cada três horas, em média. “Assim, o metabolismo fica ativo e você não corre o risco de ingerir uma grande quantidade de comida, o que sobrecarrega o organismo e causa mal-estar”, completa a especialista.
Alimentação saudável na gravidez
A alimentação equilibrada é um hábito que deveríamos ter durante toda a vida. Sabemos que não é uma tarefa fácil, pois a cada dia temos menos tempo para sentar à mesa para um bom almoço, além da invasão de produtos gordurosos. A mulher grávida tem uma responsabilidade ainda maior quanto à sua refeição, já que em suas mãos (em sua barriga, melhor dizendo) estará o desenvolvimento saudável de toda uma vida que está só começando. As nutricionistas da Coordenação Técnica de Nutrição do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Daniele Marano, Marcela Knibel e Roseli Costa explicam como o consumo dos alimentos saudáveis durante a gravidez influenciam na saúde dos bebês.
Qual a importância de uma boa alimentação na gravidez?
A alimentação adequada ao longo do período gestacional exerce papel determinante sobre os desfechos relacionados à mãe e bebê. Contribui para prevenção de uma série de ocorrências negativas, assegura reservas biológicas necessárias ao parto e pós-parto, garante substrato para o período da lactação, como também, favorece o ganho de peso adequado de acordo com o estado nutricional pré-gestacional. Ressalta-se que a inadequação do ganho de peso durante a gestação tem sido apontada como fator de risco tanto para a mãe quanto para a criança, contribuindo para a elevação da prevalência de uma série de problemas.
O que não pode faltar no prato?
As refeições devem contemplar todos os grupos alimentares existentes. A gestante deverá ingerir vegetais (folhosos e legumes); frutas; carne bovina, frango, fígado (uma vez por semana); ovos e peixes (sardinha, salmão, atum, pescada, cavalinha); leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha); cereais (arroz integral, batata, milho, entre outros); azeites (de preferência extra virgem); leite e derivados do leite (fora do horário do almoço e jantar).
As carnes deverão ser assadas, grelhadas, ensopadas ou cozidas, evitando as frituras. Recomenda-se não ingerir gordura vegetal hidrogenada, que pode comprometer o crescimento e o desenvolvimento fetal.
Como deve ser distribuída as refeições ao longo dos dias?
As refeições devem ser distribuídas em seis vezes ao dia: desjejum, colação, almoço, lanche, jantar e ceia. Os intervalos em média são de três horas entre uma e outra refeição.
Há uma estimativa de quantos quilos a mulher deve engordar durante a gestação?
O ganho de peso na gestação deve ser suficiente para promover o desenvolvimento fetal completo e também para armazenar nutrientes adequados no organismo materno para o aleitamento. Nenhuma mulher deve perder peso durante a gravidez, independente do seu Índice de Massa Corporal (IMC) antes de engravidar. O Institute of Medicine (IOM) recomenda as faixas de ganho de peso ideal durante a gestação.
No caso de gestação de feto único, o ganho de peso (Kg) recomendado é:
- Gestantes com baixo peso pré-gestacional: 15,0kg (média);
- Gestantes com peso adequado pré-gestacional (eutróficas): 12,5Kg (média);
- Gestantes com sobrepeso pré-gestacional: 9,0Kg (média);
- Gestantes com obesidade pré-gestacional: 7,0Kg (média).
No caso de gestação múltipla (dois ou mais fetos), o ganho de peso também dependerá do estado nutricional pré-gestacional, podendo variar de 11,0 Kg (obesidade pré-gestacional) a 27,9 Kg (baixo peso pré-gestacional).
A gestante deverá ter acompanhamento nutricional no pré-natal, para avaliação do estado nutricional, detecção de possíveis inadequações dietéticas, desmistificação de mitos e realização da educação alimentar e nutricional. As consultas devem ser iniciadas, preferencialmente, no primeiro trimestre da gestação.
Algumas mulheres, especialmente com gêmeos, perdem bastante peso durante e após a gestação por causa dos filhos. Nesses casos, é recomendada a utilização de suplementos nutricionais?
Tanto em mulheres com gestação de feto único quanto na gravidezes gemelares podem ocorrer diminuição de peso devido às adaptações hormonais. A ação do estrogênio pode causar náuseas, vômitos e anorexia, principalmente, no primeiro trimestre.
A perda de peso após o parto ocorre, geralmente, em maior intensidade nos primeiros três meses e naquelas que amamentam exclusivamente.
Os suplementos nutricionais são recomendados nas situações em que a demanda nutricional não é atendida por meio da dieta.